Zé Tampinha

Tampinha no tubinho preto

Na última terça-feira eu e a Tampinha tivemos nosso primeiro momento em um barzinho. Ela ama cerveja e sempre gostou de barzinhos e coisas assim, já eu, bem... eu sou nerd e autista, então nem preciso dizer mais nada. Em todo caso, percebi que a Tampinha, em sete meses de namoro, havia feito muito por mim em relação às programações: seriados/filmes, cozinhar em casa, programação caseira, caminhadas/corridas na orla e, no máximo, encontrar outros nerds (amigos meus) para pegar pokémon por aí ou sair para jantar em restaurantes (sushi e pizza, hhmm!!).

Ela chegou a sair para casas das amigas para beber e até a fazer uma trilha (e depois cerveja) com amigos – mas eu não fui. Em resumo: eu precisava fazer algo que ela gostasse também, então eu fiz o convite:

Vamos sair?
Vamos!
Barzinho, vamos?!
VAMMOOSS!

Pedi que ela colocasse algum vestido bem curto e provocante – e alguma sandália igualmente provocante. Sim, bem vulgar mesmo, mas é assim que eu gosto quando se trata de sair em casal. Para a minha surpresa, ela topou! Sugeri a cereja do bolo: “que tal ir sem calcinha?”. Sugestão prontamente atendida.

Ao vê-la se arrumando, fiquei extasiado! Quase uma hora depois (por que elas demoram tanto?!), lá estava a Tampinha: usava um vestido preto ‘tubinho’ e bem curto, uma sandália (plataforma) branca, unhas dos pés pintadas de vermelho e, para o meu deleite, sem calcinha! Ela definitivamente ‘estava para o crime’ – e eu, é claro, amaria ser a vítima.

Obs. a tatuagem em sua torneada panturrilha era o ponto alto do ‘look’.

O barzinho

Apesar de eu não gostar de sair, tenho os meus ‘refúgios’. Passo longe de barzinhos lotados/da moda e ainda mais distante de bares que transmitem futebol ou são frequentados pela ‘alta sociedade’ (leia-se: playboys e patricinhas). Portanto, fomos a um bar com boa comida e cerveja gelada em um bairro tranquilo e sem tradição de boemia, frequentado por pessoas trabalhadoras (happy hour) e casais mais tranquilos (também é secretamente frequentado por casais que gostam de uma festinha com outros casais).

Fofocas e conversas

Algo que me encanta na Tampinha é a capacidade que ela possui de ser tão fofoqueira quanto eu! Passamos a noite toda comendo muito bem (destaque para o delicioso pão de alho recheado com carne de sol) e bebendo Brahma Duplo Malte. Não guardei nenhuma tampinha para a minha coleção, pois as tampinhas desta cerveja vêm com um papel nojento por cima.

Em determinado momento, ao vê-la sentada ao meu lado, pensei em provocá-la acariciando suas coxas, mas desisti da ideia. Havia uma mesa ao lado com uma criança, não seria apropriado; amo provocações em público, mas nada perto de crianças. Aliás, isso me deixou um pouco irritado; sério, quem é que leva crianças para boteco?! O casal ao lado, que levou o filho pequeno, era completamente sem noção! O moleque ficava lá morrendo de sono e jogando qualquer coisa no celular enquanto os pais se embriagavam de cerveja – qual o sentido disso?

Após desistir de ‘brincar’ em público com a Tampinha – e de fazê-la provocar (ainda mais) os homens sentados em outras mesas (alguns deles a comiam com os olhos quando ela se levantava para ir ao banheiro), decidi ficar só nas fofocas e conversas levianas. Inevitavelmente, fofocamos sobre um casal que sentou na mesa mais afastada do barzinho: um coroa-calvo e uma novinha nota 7/10 no SPN que claramente só estava ali para comer e beber às custas do coroa-calvo (que, aparentemente, não 'comeria' no fim da noite).

Falamos bastante também sobre nossas vidas. Ela, encorajada pelo álcool correndo em seu corpo, falou até mesmo de alguns traumas do passado dela. Considero este momento a parte alta da noite; para mim, foi importante vê-la confortável comigo ao ponto de revelar alguns fantasmas pretéritos. Ocorre que ela tocou em assuntos delicados do passado dela – e isso a deixou triste.

Partiu cama!

Após algumas poucas horas de conversa, cerveja e petiscos, notei a Tampinha meio ‘morgada’. Ela não aparentava mais estar confortável ou estar gostando muito da noite. Sei lá, aquilo me deixou um pouco preocupado: será que ela não gosta de barzinhos tranquilos? Será que sou uma má companhia para tomar uma cerveja? Talvez tenha sido somente o rumo que a conversa tomou (traumas do passado dela) que a deixou cabisbaixa.

Quer mais alguma coisa, amor?
Não, bem.
Vou pedir a conta então.

Conta paga e fomos embora. Na saída, esbarrei com uma ex-ficante1 que eu costumava sair há alguns anos: continua loira e gostosa, mas perigosa. Enfim, ignorei a existência dela e fui embora com a Tampinha. Chegamos em casa, transamos-meio-que-no-automático e pegamos no sono. No dia seguinte, ela acorda dizendo que ‘dormiu muito mal’ e com uma forte dor de cabeça. Com cara de poucos amigos, não me deu um sorriso sequer durante todo o café da manhã; depois eu a deixei em casa bem cedo para que desse tempo de ela chegar ao trabalho sem atrasos.

É... a saída ao barzinho definitivamente não saiu como eu imaginava.


O vestido tubinho preto que ela usou ficou jogado aqui em uma cadeira no canto do meu quarto, ela sequer notou a ausência dele na bolsa ao ir embora. Do jeito que ela tirou e jogou, ficou. Está com o cheiro do perfume dela. Guardei e entregarei para ela depois.


zetampinha@tuta.io

  1. não gosto deste termo, mas desconheço outro mais apropriado.

#Miscelânea