‘Rolar o feed’ e o emburrecimento geral
Rolar o feed é a atividade mais emburrecedora que uma pessoa pode realizar nos dias atuais. E eu não estou sendo irônico.
De acordo com IPMC, 9 a cada 10 pessoas que passam mais de dez minutos por dia ‘rolando feed’ de redes sociais perderam a capacidade cognitiva pela metade. É sério, confia.
Além de emburrecer, pois o conteúdo consumido é deveras duvidoso, a pessoa também se vicia, uma vez que há uma enorme liberação da dopamina a cada vídeo curto ou pequena frase que aparece deslizando pela tela do celular.
Curiosamente, ao mesmo tempo em que mais e mais pessoas ficam horas consumindo conteúdos idiotas nas redes sociais, essas mesmas pessoas reclamam da falta de tempo para algo saudável: faltam-lhe tempo, assim alegam, para cozinhar (comer melhor), praticar exercício físico com qualidade ou até mesmo se perder em um bom livro, por exemplo.
Não, definitivamente não lhes falta tempo. Falta muita coisa nestas pessoas, mas tempo é algo que definitivamente elas possuem de sobra.
Quer ver uma cena triste – muito triste? Sente-se em qualquer restaurante numa sexta-feira às 20h e olhe à sua volta, repare nos casais e nas famílias. Muitos deles estarão ‘rolando feeds’ enquanto comem no automático e fingem estar presentes à mesa. Mais uma cena triste: um adolescente ocioso. Sem querer nada com a vida, o adolescente se senta em qualquer lugar onde há uma boa conexão Wi-Fi e imediatamente começa a ‘rolar o feed’ – dopamina pura, emburrecimento completo!
Não que isso me incomode drasticamente, cada qual com seus emburrecimentos, mas eu sempre sinto um certo desconforto quando percebo o rumo das coisas... sei lá, acho que estou ficando velho.
Na verdade, nem isso eu posso alegar, pois o que tem de gente velha por aí rolando feeds, putz, não tá no gibi!
Então, chego à tácita conclusão de que estou, de uma vez por todas, tornando-me um chato irremediável. Que assim seja, pelo menos sou um chato não tão burro; para escapar à regra do IPMC, rolo feeds por somente nove minutos1.
zetampinha@tuta.io
mentira, este texto é uma autocrítica.↩