O poder de cura dos esportes
Você provavelmente viu a engraçada notícia de um homem que correu, embriagado e de chinelo, uma prova de corrida de rua lá no Pará. Foram 8 km - e ele, bêbinho, correu tudo!
Pois bem, o corredor trôpego se chama Isaque e, agora não mais engraçado, possui uma realidade difícil: o vício em álcool.
Após a grande repercussão e o bom desempenho dele na corrida (lembrando que ele estava embriagado e de chinelos!), Isaque ganhou um par de tênis de corrida e muito apoio emocional dos corredores da região.
A oportunidade surgiu - e ele a agarrou! Agora, Isaque está treinando corrida de rua, sóbrio e em luta constante contra o alcoolismo!
Esse cômico e feliz episódio me fez refletir sobre como os esportes me curaram em vários momentos da minha vida.
Boxe - Na adolescência, após ser agredido na rua ao andar de mãos dadas com o meu então "namorado", resolvi que nunca mais ficaria sem saber como me defender. Entrei no boxe - e desde então são mais de 20 anos de treinos intensos. Boxe é o meu esporte principal e, é claro, é o que me tornou o homem confiante e tranquilo. Evito ao máximo qualquer tipo de confusão, principalmente as que envolvem agressões físicas, mas, se for preciso, sei me defender. Ando tranquilamente pelas ruas.
Jiu-jitsu - a arte suave (que de suave não tem nada) entrou em minha vida após os meus 30 e poucos anos. Longe de ser uma arte marcial que possa me proteger de alguma injusta agressão (não pela ineficiência do jiu-jitsu, mas porque sou ruim no solo mesmo), esse esporte me ajudou a dar a volta por cima após uma profunda tristeza ao terminar um longo relacionamento de dez anos. Eu estava perdido na vida e não tinha mais ânimo para nada, pensei até mesmo em formas ruins de acabar com a dor, se é que me entendem. Certo dia, sem muitas pretensões, pisei no tatame próximo de casa e me propus a treinar. Curiosamente, eu só apanhava e levava "amassos" de uns trogloditas de mais de 130 quilos, mas aquilo tudo me fazia bem. Acabei ficando somente quase dois anos no jiu-jitsu, mas foi tempo o suficiente para curar o "luto" do término do meu noivado.
Basquete - não há nada mais gostoso do que estar numa sexta-feira à noite, sozinho, numa afastada quadra de basquete. Só eu, os meus pensamentos, a quadra e a bola. Não treino pesado, sou ruim, só fico brincando sozinho, um tanto quanto estrábico, pois erro muitas vezes, mas posso dizer que o basquete é muito importante para a difícil manutenção da minha sanidade mental! Tenho a sorte de existir uma quadra de basquete vazia e silenciosa perto de casa!
Tentei por uns meses o tal do ciclismo: achei uma merda! A comunidade é extremamente tóxica (não há nada mais idiota do que um ciclistinha boçal com aquelas roupas apertadinhas), é tudo caro e ainda é perigoso (quase fui atropelado na rodovia). Tô fora!
Moro perto da água e tenho muita vontade de comprar um caiaque, mas me conheço e sei que logo irei deixar o caiaque encostado e sem uso. O melhor custo-benefício seria um caiaque modelo Lambari, algo em torno de dois mil reais. Muito caro para um esporte que não sei bem se eu faria por muito tempo...