A Dominadora de Brasília (BDSM)
Aviso: este texto NÃO é um conto erótico. Não espere detalhes +18.
A Dominadora
Falei brevemente sobre ela nesse post, agora chegou a vez de explorar melhor a memória dessa pessoa em minha vida.
Sentimentalmente falando, zero importância. Agora, falando sobre autoconhecimento (meus desejos) e liberdades sexuais, ela foi muito importante.
BDSM
Desde muito cedo eu me interesso por sexo fetichista, principalmente qualquer prática que envolva Bondage, Dominação, Submissão Sadismo/Masoquismo (BDSM).
Até tentei explorar meu lado submisso, mas nunca havia dado certo. A verdade é que sou mandão demais para servir, então sempre explorei o BDSM sendo a pessoa que controla e manda na situação.
Até que, próximo dos 30 anos, conheci a Dominadora (nada de nomes aqui, ok?). Uma ruiva de farmácia, branquela e com um corpo esculpido pelo balé e pole dance.
Cidades
É muito difícil eu não lembrar como conheci alguém, mas curiosamente isso está acontecendo agora. Não me recordo como conheci a Dominadora; pela internet com certeza não foi, pois nunca fui de usar esses apps de pegação. Provavelmente eu a conheci numa dessas enormes filas antes de entrar em um colégio para fazer prova - lá em Brasília. Sim, ela também era concurseira.
Trocamos contatos. Isso eu lembro de certeza. Após alguns meses ela estava em minha cidade, uma capital turística e praiana. Postou algumas fotos e eu comentei. Logo ela enviou mensagem privada:
"Estou no hotel X, quando irá me buscar para ser o meu guia? Venha."
Assim, na lata. Eu fiquei muito incomodado com esse tom. Quem ela achava que era para falar assim comigo? Fui buscá-la.
O jantar
"O que você gosta de comer?", perguntei enquanto tentava manter o foco no trânsito e não olhar para as coxas dela logo ao lado; usava um vestido leve e curto, caiu bem nela.
O jantar foi monótono, nada além do esperado para um primeiro encontro muito chato. Ela me olhava de uma maneira estranha... parecia não estar gostando da noite, entediada. Eu já havia desistido de qualquer tentativa com ela, estava ali só cumprindo o protocolo social de finalizar a noite e deixá-la no hotel. Tudo parecia meio chato.
"Não vou voltar para o hotel", disse ela repentinamente assim que entramos no carro após o jantar. Explicou-me que estava hospedada com os pais. Entendi o recado. Fiz uma breve parada na orla da cidade para ela ver o mar sob a lua, uma tentativa de mostrar que eu não estava com pressa para tê-la por inteiro (sim, eu estava) - e logo em seguida fomos para o motel.
"Cale a boca!"
Entre beijos e toques, as roupas foram ficando pelo quarto e, de repente, um tapa. Sim, um tapa! Em meu rosto! Um tremendo e barulhento tapa em meu rosto! Eu fervi de raiva e falei imediatamente: "o que foi isso?!". Outro tapa, prontamente seguido de um "cale a boca!". Calei.
Nessa hora ela entendeu que me tinha por completo. Pelo menos foi isso o que ela relatou anos depois.
Não vou entrar em detalhes, pois, conforme avisei no início deste post, isso não é um texto erótico, mas sim de memórias. O que posso dizer é que, naquela noite, somente uma pessoa chegou ao orgasmo - e não fui eu. Isso não me foi permitido.
Meses depois...
Bom, o sexo foi estranho. Ela praticamente me usou e não me deixou "chegar lá". Nada de orgasmo para mim. Aquilo me frustrou, mas parecia ser divertido para ela.
"Quando for para Brasília novamente, e você vai, vou deixar você finalizar. Mas vai ter que merecer."
Ela voltou para Brasília e eu fiquei - e assim começou todo o processo de submissão virtual. Ela foi me treinando aos poucos. Isso não incomodou a Negona (sim, vivi 10 anos em um relacionamento liberal, lembra?), aliás, ela achava divertido me ver numa posição que ela jamais imaginaria.
"Você é meu"
Meses depois e lá estava eu Brasília. Outra prova. Não me recordo direito dessa prova, mas lembro que passei sexta-feira e sábado servindo à Dona. Sim, era assim que eu deveria chamá-la: minha Dona.
Levou-me para locais turísticos e alguns restaurantes legais. A conta, curiosamente, sempre sendo dividida. "Sou tua Dona, não uma rafamé esfomeada", ela respondeu quando tentei pagar a conta sozinho.
"Você é meu, sabe disso, né?"
Nesses dias, servi. Nesses dias, fui o capacho obediente que eu sempre imaginara ser, mas nunca havia conseguido. E, como dessa vez ela havia permitido, orgasmos. Muitos!
Retornos
Todas as vezes em que eu voltava para Brasília eu já sabia: ajoelharia-me.
Há fetiches para tudo - e tenho a ideia de que, estando dentro da lei, tudo é válido! Percebi que ela gostava de me destratar na frente dos outros (garçons, lojistas etc.). Sou extremamente orgulhoso e odeio quem fala torto comigo, mas com ela... com ela eu me excitava.
Certa vez, levou-me para a casa de uma amiga e ficou me humilhando na frente dela. Sem detalhes, mas tudo aquilo me deixava com raiva e excitado. No hotel, depois dessas sessões públicas de humilhação, ela se entregava aos meus braços.
O cabelo, sempre ruivo, é uma das imagens mais marcantes em minhas memórias.
A Tampinha chegou...
Os encontros esporádicos com a "minha Dona" ocorriam sempre que eu precisava ir à Brasília. Nos últimos anos eu terminei o relacionamento com a Negona, fiquei um ano solteiro e então conheci a Tampinha.
Precisei viajar para Brasília duas vezes desde o início do relacionamento com a Tampinha - e desde então nunca mais encontrei a Dominadora. Na conversa por WhatsApp ela percebeu que agora eu não estava mais "disponível" e parece que não me quer como amigo, somente como capacho dela. Não me tendo mais dessa forma, sumiu...
Fases...
Sinto falta das ordens e principalmente do olhar dela, um olhar fixo e firme atrás das mechas ruivas. Sinto falta de poder explorar um lado meu que somente ela conseguiu alcançar.
Mas a vida é feita de fases, não é mesmo? Essa passou.
Contei tudo para a Tampinha, sempre fui muito transparente com ela. Fico feliz que ela confie em mim, pois eu realmente tive que quebrar a corrente imaginária com a Dominadora e não fazer nada de errado em Brasília. É estranha essa tal monogamia.
Enfim, com tudo isso que aconteceu, eu me questiono de vez em quando: será que um dia conseguirei servir alguém novamente de forma tão intensa e fetichista?!